Post 07: Mais questões

Retomando o tema da importância de resolver questões, vale lembrar uma frase do post anterior:

As questões são a bússola que orientam a preparação para concursos. 

Gostaria de abordar o tema através de um pequeno relato sobre um personagem fictício. Alguém que quer se preparar para concursos e costuma ficar inseguro de vez em quando.

Vou chamá-lo de Josef.

Josef está se preparando para concursos de carreira jurídica, com foco em alguns estados, apesar de tentar em outros de vez em quando.

Josef já conhece os requisitos e a realidade da carreira, sabe como ela está atualmente, as dificuldades de acesso às comarcas maiores, como funciona a rotina de trabalho, as responsabilidades, e está consciente de sua escolha. 

Ele já fez alguns cursos e tem alguns materiais, mas está se sentido um pouco perdido.

Josef sente uma vontade imensa de tentar aprimorar sua preparação, mas não tem ideia de como começar. E o que ele faz para sanar suas inúmeras dúvidas? Procura uma fonte confiável de informações: suas redes sociais.

Josef, que já se sentia perdido, fica completamente desolado ao ver tanta gente falando e vendendo coisas para concursos: livros, apostilas, cursos preparatórios, milhões de materiais diferentes, cursos sobre como se preparar e até cursos sobre como escolher os melhores cursos, lives, metas malucas, ilusões, horas líquidas, tempos líquidos.

Abandono, desespero, desamparo. 

Mas ele não desiste e começa a perceber que não é só isso que existe em suas redes. Começa a enxergar que ali há muitas pessoas lutando para melhorar, compartilhando experiências. Começa a se sentir energizado novamente. Percebe que sua vida não precisa ser uma história surreal, um processo sem final feliz.

Um dia ele lê uma postagem em algum site aleatório sobre a importância de resolver questões, reflete sobre o tema, confere o que a ciência diz sobre isso e constata, por si mesmo, que aprimorar sua preparação através de questões pode ser uma boa alternativa.

Então ele assina um site de questões e começa a filtrar pela carreira, estados e bancas visadas. E começa a resolvê-las e estudá-las, dando o seu melhor, mas sem ficar afetado pelo percentual de erros, pois sabe que está fazendo um levantamento e iniciando uma nova etapa.

Josef começa a entender como funcionam as questões, identifica padrões, percebe o que é mais cobrado, a profundidade do conteúdo necessário para ter um bom desempenho e acaba desenvolvendo sua técnica para resolvê-las.

Assim, a sensação de estar perdido começa a se dissipar. Ele percebe que não precisa ficar perguntando a ninguém qual é o melhor livro, o melhor método, o melhor professor. “O melhor não existe. Quem fica atrás do melhor não faz nada”, conclui.

Josef compreende que cabe a ele decidir qual caminho trilhar a partir de agora. Então ele decide e faz.

Josef começa a analisar como cada disciplina é abordada. Inicia por Direito Constitucional e, depois de resolver muitas questões, constata que as provas costumam equilibrar letra da Constituição, jurisprudência dos tribunais superiores e conhecimentos doutrinários. 

Mas não é só isso.  A análise que ele faz é mais profunda. 

Ele identifica quais são os artigos da Constituição mais cobrados e já começa a marcá-los em seu material. Percebe que são cobrados muitos artigos diferentes, que alguns são mais visados, que outros são mais confusos e que as pegadinhas costumam se repetir. Assim, constrói sua abordagem ao texto da Constituição: decide ler o texto integral com certa periodicidade, com maior enfoque nos dispositivos mais cobrados e nos que ele tem mais dificuldade.

Em relação à jurisprudência, Josef observa que são mais cobradas decisões do Supremo Tribunal Federal e que quase a totalidade das questões tratam de teses de repercussão geral. Mais uma vez ele direciona sua preparação, não dedicando tanto esforço a outras decisões publicadas em informativos (de turmas, por exemplo).

Josef conclui ainda que os conhecimentos doutrinários mais relevantes são relacionados aos temas teoria da constituição e hermenêutica constitucional. Ele faz uma pesquisa e identifica obras de alguns autores (Sarmento, Fonteles, Fernandes, Bernardes, Mendes etc.), analisa os índices, quantidade de páginas, lê alguns trechos e faz sua escolha pessoal. Ele entende que o mais importante é escolher, dentre as obras que abordam de forma satisfatória os temas, aquela que ele vai estudar de verdade.

Josef faz o mesmo com outras disciplinas e percebe que, para algumas, com mesmo peso e número de questões que Constitucional, a preparação é mais simples, com predominância do texto da lei. Ele analisa e treina questões de outras fases também. Assim, percebe que cada disciplina e cada fase do concurso tem suas peculiaridades. E cada banca também.

Ele se concentra em executar o que planejou. Ele lê e estuda leis, jurisprudência e doutrina da forma mais ativa possível.

Josef conclui que deve continuar fazendo questões como forma de aprender, de codificar as informações da maneira mais próxima do contexto em que vai aplicá-las. E percebe que resolvendo questões ele se esforça mais, processa as informações de forma mais profunda que apenas lendo, grifando ou assistindo aulas.

As questões também se revelam úteis para manter os conteúdos sempre presentes. Ajudam-no a praticar de forma espaçada, alternando diversas disciplinas e conteúdos. Obrigam-no a rememorar ativamente o que ele aprendeu, fortalecendo sua memória, notadamente as questões dissertativas.

Além de questões isoladas, Josef faz simulados. Escolhe uma prova e a resolve integralmente, como se estivesse prestando um concurso. Consome seu lanche durante a resolução, pois seu cérebro precisa de energia, gerencia o tempo, a hidratação, as pausas para ir ao banheiro e caminhar um pouco, treina aspectos emocionais e físicos envolvidos em permanecer quatro ou cinco horas sentado resolvendo questões.

Aprende também a gerenciar o nervosismo, aumenta a capacidade de permanecer mais tempo focado.

Ele costuma pensar: “Nunca vi um grande ciclista dedicar a maior parte do seu tempo a estudar teoria do ciclismo e fazer spinning. Uma competição envolve muitos outros fatores”.

E assim ele continua aprendendo, revisando, treinando, recebendo e analisando feedback, fazendo ajustes finos em seus planos. Ele percebe sua evolução, identifica os pontos fracos e continua aprimorando sua preparação.

Josef adquire a compreensão de que evolução não é apenas obter um percentual cada vez maior de acertos. Constata que acontecem variações e que é normal que isso ocorra, pois nenhuma prova é igual a outra. Começa a entender o papel do acaso e aceita isso.

Percebe que em algumas provas são cobrados conteúdos que ele ainda não domina bem e em outras ocorre o contrário.  Entende que não tem nenhum controle sobre o que a banca faz, que ele controla somente a própria preparação e que cabe a ele colocar as chances a seu favor, conhecendo o concurso, a banca, os conteúdos mais relevantes e as melhores técnicas para estudo e resolução das provas.

Josef também aprende que a caminhada é longa e que é preciso cuidar bem de si mesmo. Que a constância é mais importante do que estudar um número excessivo de horas em um só dia. Procura se alimentar bem. Percebe, na prática, que se exercitar e dormir bem é muito útil, não somente para melhorar a concentração e o aprendizado, mas também para afastar a ansiedade. 

Entende que é preciso fazer pausas, conciliar trabalho, família e estudo, estar perto de quem é importante para ele, ajudar outras pessoas, se afastar de quem não faz bem e evitar discussões inúteis. 

Ele decide: “Não vou me importar com o que os outros pensam de mim. Vou valorizar meu tempo. Vou evoluir como pessoa.”

Josef sabe que o caminho que ele escolheu, e escolhe todos os dias para se preparar, é o caminho dele e de ninguém mais. 

Não existe método pronto e cada um trilha seu próprio caminho. 

Ele sabe que seu método não é o único nem o melhor, mas que é o melhor que ele consegue fazer.  Ele não acredita em ilusões. Ele dorme tranquilo. De vez em quando ele não fica tão bem, mas ele sabe que a vida é assim. Ele apenas continua. Não coloca o foco em emoções ruins. Espera tudo melhorar, apenas observa, se exercita, busca apoio em pessoas importantes para ele. E tem consciência que, se eventualmente as emoções ruins não passarem, vai precisar buscar ajuda. Ele se cuida.

Tem convicção que é preciso viver, porque a vida é maior que qualquer concurso. Ele não faz do concurso público algo maior do que ele é. 

Ele foca na preparação, pois o resultado é só consequência. 

Sabe que concurso não é o único caminho, mas tem convicção que, se ele continuar se preparando com qualidade e evoluindo constantemente, vai conseguir ser aprovado. 

Josef entende que a preparação, a evolução, é  algo constante. Sabe que a aprovação vai chegar durante a preparação e que o conceito de estar pronto é algo que lhe escapa e que cabe aos examinadores chegarem a essa conclusão. 

Ele tem a consciência de que não vai parar quando for aprovado, nomeado e entrar em exercício. Vai continuar trabalhando, evoluindo, se realizando, vivendo.

É isso.

Queria dar apenas um pequeno exemplo quando comecei a escrever. Mas nunca é tão simples. Vou deixar as indicações de livros sobre aprendizado para outro momento.

Eu me identifiquei com o Josef em alguns pontos, e você?

Vamos juntos!

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