Post 06: Questões

Comecei a série de dicas com a Dica 01, uma dica interessante para quem quer facilitar o início da preparação. Espero que tenha sido útil.

Mas, de todas as dicas que ainda postarei, essa aqui é a mais importante. É a Dica 00. Se eu pudesse dar apenas uma dica para quem quer se preparar para concursos, seria essa:

Resolva questões.

Resolva muitas questões. Estude, avalie, entenda e revise questões.

Acredito fortemente que esse é o princípio básico da preparação, pois é ele que mostra o que te espera no dia da prova. É o meio de que você dispõe para fazer suas próprias escolhas nos estudos, traçar seu próprio caminho, que é sempre único, como cada um de nós.

Já li bastante sobre aprendizado, fiz alguns cursos, testei alguns métodos (no próximo post vou colocar algumas indicações de livros sobre o tema) e, pelo menos no material a que tive acesso, isso é unanimidade: aprender praticando é a forma mais eficiente de aprendizado.

Mas não é só isso. Como mencionei acima, as questões proporcionam o melhor material para tomada de decisões. No estudo também é preciso tomar decisões constantemente. Uma habilidade que certamente será útil depois da aprovação e que nós podemos desenvolver desde já.

Por vezes pensamos que é preciso dominar o edital. Possuir grande conhecimento sobre o oceano de conteúdo que vem previsto nos diversos editais. Seria uma tarefa árdua.

Vou dizer algo que parece óbvio, mas que é bem verdadeiro. E acaba revelando que, apesar da imensa dificuldade que enfrentamos na preparação, as estratégias que empregamos não precisam ser complexas.

Pessoalmente, creio que devem ser simples. Mas simplicidade não significa facilidade. Muitas vezes é mais fácil ser complexo, prolixo, confuso, do que se simples, preciso e direto. A sabedoria costuma estar na simplicidade (e acho que é por isso que esse texto vai acabar ficando imenso). Mas cada um deve tirar as próprias conclusões.

A afirmação óbvia que quero fazer é a seguinte: 

É aprovado quem consegue pontuação suficiente. 

Suficiente para estar dentro do número de vagas e acima de algum critério de corte previamente definido.

Mas você pode pensar: quem consegue isso é porque tem mais conhecimento. E eu concordo plenamente. Mas a questão é: que tipo de conhecimento? Conhecimento profundo sobre todo o conteúdo do edital ou conhecimento e técnica específicos para conseguir mais pontos? O que você acha? É preciso ter em mente o seguinte:

O conhecimento não se transfere de forma automática para a resposta.

Esse é um dos temas que mais preocupa os educadores: a transferência. Transferência é a capacidade de aplicar um conteúdo num contexto diferente do qual ele foi aprendido. Se você se prepara lendo ou assistindo vídeos e quer aplicar o que foi “aprendido” numa prova, uma grande dose de transferência será necessária. E, ao que parece, não somos bons em fazer transferência (muitos autores mencionam diversas pesquisas com essa conclusão).

Por isso, o mais eficiente provavelmente é aprender, ter feedback e revisar em um contexto o mais próximo possível daquele em que queremos aplicar o conhecimento. No caso dos concurso, em questões. Objetivas e subjetivas.

Quando falo em fazer questões não me refiro unicamente a questões objetivas (a não ser que seu concurso não tenha questões subjetivas, é claro). Me refiro também a questões dissertativas, peças práticas e explanações orais. Além disso, é recomendável tentar reproduzir a realidade de uma prova. Não é fácil, com certeza. E cabe a você decidir se vai fazer isso e em que medida.

Mas é certo que, se você passa para uma outra fase do concurso, o tempo vai ser muito curto para desenvolver as habilidade necessárias para obter bons resultados nas fases seguintes.

O concurso é um só. A preparação é uma só. E você é único. 

Se você já domina com certa eficiência os conhecimentos e habilidades necessários para as fases seguintes, deve priorizar a aprovação na primeira fase. Mas pode ser que o contrário também ocorra. Como fazer um diagnóstico? Resolvendo questões. Muitos só tem um feedback com o próprio concurso (que também é feito de questões, mas não só). 

É extremamente válido o feedback de uma prova de verdade. Acho essencial fazer provas. Mas é melhor ter um retorno mais frequente para aprimorar a preparação.

Também não se trata apenas de resolver questões. Trata-se de estudá-las. Identificar sua estrutura, os conhecimentos mínimos para acertá-la, o raciocínio necessário para chegar à resposta correta. Resolver questões também demanda técnica. E, com a prática, desenvolver cabeça de examinador. Preciso admitir que em alguns casos é impossível, por mais que trabalhemos as questões. Tem examinador que é artista. Mas isso não impede a aprovação.

Fique claro que não estou dizendo para você dedicar a maior parte do tempo da preparação para resolução de questões.

Melhor que adotar um método pronto é identificar você mesmo o que é mais importante.

O melhor método é aquele que você aprimora por si mesmo, aplica com constância, reavalia e aprimora mais um pouco.

Retomando. Não estou dizendo que a maior parte do tempo deve ser dedicada às questões e vou exemplificar. Fazendo questões para o concurso ou concursos que você esteja visando é bem possível (e provável) que você identifique a importância de conhecer o texto da lei. Bem, se você concluir isso e verificar que precisa melhorar nesse aspecto, com certeza deverá dedicar um bom tempo à lei seca. Se for esse o caso, as questões também ajudarão a descobrir quais diplomas são mais cobrados e quais artigos mais visados.

Resolvendo questões, você pode chegar a conclusões completamente diferentes também. E não se trata apenas de descobrir o que é mais cobrado, mas de identificar em que pontos você precisa melhorar mais. Em regra, somos péssimos em fazer autoavaliação. Normalmente nos subestimamos em alguns aspectos e superestimamos em outros. Para não correr o risco de errar, deixe a avaliação para as questões.

E não se esqueça de avaliar o desempenho no contexto da prova. Considere a nota de corte. Tem concurso que você faz 80% e está fora. Já outros com 70% você está na segunda fase. Não se esqueça! Não adianta ficar reclamando se um dia seu desempenho for ruim. Desempenho ruim só significa uma coisa: você descobriu muitos pontos a melhorar. Então melhore!

Costumo afirmar o seguinte:

As questões são a bússola que orienta a preparação para concursos. 

Você não deve caminhar olhando pra ela, pois além de poder levar um tombo, acaba deixando de apreciar a vista. Mas é sempre bom dar uma conferida se você está indo na direção certa.

Nossa caminhada não vai ser em linha reta.

A vida nunca vai ser tão chata. Muitas vezes é preciso fazer uma parada, curtir a paisagem, mudar de rumo ou desviar de obstáculos pelo caminho.

E pode ficar tranquilo quando isso acontecer, pois existe uma bússola pra te orientar.

Valorize as questões. Elas são bem sinceras e também ajudam a desenvolver a humildade e a paixão, virtudes que considero essenciais para a aprovação. Eu tive o privilégio de ver bons amigos serem aprovados recentemente. Todos eles possuidores de um conhecimento ímpar, que só não é maior que a humildade e a paixão pela carreira escolhida.

Ainda tenho algumas coisas para comentar sobre as questões. Elas funcionam como importante ferramenta de preparação (física e emocional), de memorização e revisão. Mas vou deixar isso para o próximo post, que vai ser bem mais curto do que esse.

Obrigado pela paciência!

O que achou? Concorda com alguma coisa do que eu disse? Deixe seu comentário. Se tiver alguma dúvida é só falar. Farei o possível para ajudar.

Vamos juntos!

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